Um dos conceitos mais básicos e que primeiro afloram na mente infantil é do maniqueísmo, que divide o mundo entre Bem e Mal, deixando pouco – ou nenhum – espaço para dúvidas, diferenças, diversidade e reflexões. Neste conceito, o outro, se não pensa, age ou é igual a nós, vira um adversário a ser combatido com toda força.
Este conceito é frequentemente a temática dos filmes infantis. E como eu sempre comento com os leitores sobre o cinema, como um aliado na educação moral (não só cultural) das crianças, cá estou juntando três dos filmes que estão atualmente em cartaz e trazem justamente este assunto para nossos lares, sob a forma de conversas interessantes depois do cinema.
Um deles eu não vi – nem pretendo ver depois de ouvir as impressões da Carolina, 7 anos, filha da blogueira Simone Miletic – é o exemplo das histórias de “competidores que precisam se unir em torno de um inimigo em comum”. Feito Cães e Gatos 2 traz os eternos inimigos das histórias infantis (na real eu nunca vi cão e gato brigarem, por isso sempre me parece que é uma invenção dos cartuns) se unem contra Kitty Galore, “uma ex-colaboradora da organização MEOWS de espiões felinos que quer transformar o mundo em seu arranhador de estimação”. O filme se apresenta como “uma comédia em 3D que mistura live action com bonecos de última geração e animação digital”. Antes de ir ao cinema vê-lo, dê uma lida no post da @smiletic!
Outro filme, que é uma continuação, também tem muitos efeitos especiais: “Nanny McPhee e as Lições Mágicas”, um repeteco da chegada da babá feiosa e durona, vivida por Emma Thompson, em “Nanny McPhee – a babá encantada”. Confio que o filme traga um roteiro que agrade a adultos e crianças, causando empatia e identificação com a história da mãe solitária (no outro era um pai viúvo) Isabel (vivida por Maggie Gyllenhaal), que precisa cuidar da fazenda sozinha quando o marido vai para a guerra e sofre triplamente com as desavenças dos seus três filhos e seus (dois) primos. A rivalidade, que já existia no seio da família interiorana, piora muito com as diferenças claras de condição de vida e educação dos primos da cidade. A história, que remete tanto ao Rato do Campo e da Cidade quanto à querida Mary Poppins, nos faz refletir sobre o respeito ao outro, ao seu papel em nossas vidas e as suas características e escolhas de vida. O diferente nem sempre é errado.
E nem sempre precisamos acabar com as diferenças para podermos existir. Depois de tanta guerra – e com um nome que parece muito belíco – é no futurista “Batalha por T.E.R.A.“, animação que reune grandes nomes de efeitos visuais e digitais (como o canadense Aristomenis Tsirbas), que está a mensagem de paz.
Eu confesso que, por não ser tão fã de 3D e não ser adepta a filmes de guerra, quase não fui ver o filme, mas fui vencida pela simpatia dos meus filhos pelos teranos – seres pequenos, sem pernas, com grandes olhos e capazes de voar, com ou sem a ajuda de artefatos que parecem de brinquedo – e que lembram muito os personagens que eles criam no Spore – e tem post no Ver Para Crescer.
Os teranos vivem absurdamente em paz numa sociedade organizada e pacífica, voltada para atividades culturais e artísticas – que lembra o sonho mais utópico da humanidade – até que seu mundo torna-se alvo da cobiça dos terráqueos, que destruíram em guerras não só seu próprio planeta, a Terra, como também Marte e Vênus, que haviam sido colonizados. Não vou contar a história, mas há uma mocinha corajosa e habilidosa, um soldado honrado e sincero e um robô sagaz e ultra eficiente. Quem for ao cinema esperando grandes efeitos 3D, se decepcionará (não há grandes atrativos e algumas batalhas aéreas lembram mesmo um videogame infantil). Mas garanto que ganhará, com um raro roteiro escrito para crianças e que não ofende a inteligência dos pais. Eu recomendo.
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