
Como muitos brasileiros (o Ibope dava conta de algo perto de 6% da audiência no horário), eu vi ontem à noite o debate da Folha/RedeTV com os dois candidados ao segundo turno das eleições para presidente do Brasil. Em meio às farpas e trocas de acusações na primeira e segunda pessoas do plural (parece-me que agora tudo gira em torno do “nós fizemos”, “vocês não fizeram”, como se o país fosse bipartidário), houve uma tentativa de creditar para um lado ou outro as ações em prol da melhoria da educação.
Mas ainda há muito – mesmo – para fazer! Apesar do que apresentam os marqueteiros do PT e do PSDB, o Brasil é cotado entre os piores na área de ensino, em função do baixo investimento na área – e mesmo sendo considerado a 9ª economia mundial do planeta, ocupa o 76º lugar em desenvolvimento educacional porque está posicionado entre os piores investidores nessa área.
Os números não são totalmente novos, não é mesmo? Todos ouvimos ou lemos notícias comparativas do investimento em educação – cá entre nós, nem eu aguento mais a ladainha citando o case da Coreia, mas o fato é que ele é bom, pois o país asiático saiu de uma situação ruim para uma excelente neste quesito – e é sabido que as nações com melhores colocações no ranking do ensino investem de US$ 7 mil a US$ 10 mil/ano por aluno, enquanto nosso país destina, de forma geral, a pífia soma de US$ 1,33 mil.
Os dados que cito ouvi na 4ª Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental, durante a mesa-redonda Investimento em Educação: ações que contribuem para o desenvolvimento Social, no qual César Callegari, sociólogo e diretor de operações do Sesi-SP, comentava os baixos investimentos que também trazem consequências que permeiam vários elos da cadeia do conhecimento, entre eles o pouco aproveitamento do aluno, a baixa remuneração dos professores e o despreparo dos atores educacionais em sala de aula.
E o que isso tem a ver com o debate dos presidenciáveis? Ora, o Brasil precisa tomar decisões corajosas e emergentes na área educacional para conquistar outros patamares.
“Enquanto o salário de um juiz é R$ 12.798, um professor de educação básica recebe R$ 1.088 por 40 horas semanais, e o de educação básica está na faixa dos R$ 660”. Precisamos alcançar um patamar social mais equilibrado, não acham?
No evento, realizado em agosto, era divulgado também um plano estratégico para mudar esse cenário que previa a participação ativa da sociedade e compunha uma proposta conjunta com uma carta-compromisso para os candidatos aos governos federal e estadual, com base na experiência bem sucedida da entidade que tem muitos “braços” na área educacional – sei bem de perto porque a primeira escolinha do meu filho era ligada ao SESI e tinha excelente qualidade.
A metodologia educacional do Sesi-SP é complementada por orientação alimentar, incentivo à cultura e acesso a diferentes práticas esportivas e vem trabalhando o conceito que engloba um conjunto de material didático, metodologia e capacitação de professores. Não é exatamente parte do que precisamos?
#ficaadica para os presidenciáveis pensarem ao discutir a situação dos professores, as escolas integrais, ensino técnico e programas de capacitação de profissionais. Para quê tentar inventar coisas novas se há tanto já funcionando na sociedade e merecendo ser ampliado e incoporado?
P.S. Parte das farpas dos candidatos dizia respeito ao IDEB. Você sabe do que se trata?
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.
Para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos, basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de zero a dez. Da mesma forma, gestores acompanham o trabalho das secretarias municipais e estaduais pela melhoria da educação.
O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos.
Você pode consultar o IDEB aqui.
[update]
Nesta quarta-feira (20) às 14hs a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, participa do chat Redes Sociais e Participação Social promovido pelo EducaRede.
O bate-papo online tem como tema “A Política: ética, valores e participação”, onde a representante do Todos Pela Educação abordará a proposta e os objetivos da campanha Eu voto na Educação.
Para participar acesse o site do EducaRede ou clique aqui
[/update]
Latest posts by Sam @samegui Shiraishi (see all)
- Ações anti-idade: seguir uma dieta saudável - 11/02/2019
- Eu procuro acompanhar mulheres na política – e vocês? - 07/02/2019
- Concordar, discordar, conversar… respeitar! - 06/02/2019
- Star Trek: Discovery - 03/02/2019