Uma das boas coisas que a Netflix trouxe ao mundo é a aproximação entre obras diversas e o público.
Quantos filmes, series e documentários diferentes, que abriram sua mente e ampliaram seu mundo você conheceu graças a ela?
Eu descobri um universo!
Neste ano, o serviço de streaming por assinatura prometeu que traria bons filmes indicados ou ganhadores do Oscar para seus assinantes em tempo recorde. E assim foi. No final de maio, dois filmes entraram no catálogo: Moonlight e Lion.
Vimos o último neste final de semana e foi um ótimo programa de família.
Você sabia que essa história é baseada em fatos reais? Neste vídeo é possível saber mais:
Saroo Brierley nasceu em Khandwa, Índia, em 1981, e o relato autobiográfico de suas experiências, num livro chamado A Long Way Home publicado em 2014, foi adaptado para o cinema em 2016 no filme que foi indicado a 6 prêmios no Oscar de 2017,
Aos cinco anos de idade, o indiano Saroo se perdeu do irmão numa estação de trem da Índia e acabou em Calcutá, a 1600 km de distância, o que o fez enfrentar grandes desafios para sobreviver sozinho por meses até ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decidiu buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.
O filme é um pouco lento e tem um clima triste (especialmente a parte com Rooney Mara, ela gosta de roteiros assim, lembram dela em The Discovery?), mas o menino que interpreta Saroo é encantador, assim como o que faz o irmão Gudu. Nicole Kidman está convincente e tem Dev Patel, né?
Lion é dividido em duas partes. Primeiro conhecemos a Índia empobrecida onde vivia o pequeno Saroo, vivido pelo apaixonante ator Sunny Pawar, sempre com o irmão Guddu (vivido pelo também encantador Abhishek Bharate) enquanto ambos (um com 5 e outro com no máximo 14 anos) fazem biscates para ajudar a cuidar da mãe e da irmã. Numa madrugada em que estavam juntos nestes trabalhos abusivos e paupérrimos, Saroo termina dormindo dentro de um trem que vai para Calcutá, de onde o menino tenta em vão retornar para casa. Sem saber o nome do local onde mora, distante quase 2 mil quilômetros de casa, o pequeno passa por desventuras em série.
Depois de muito penar sob pontes, lixões e a miséria da metrópole, Saroo vai parar em um orfanato (triste e deprimente, mas menos terrível do que a vida nas ruas) de onde parte para adoção por um casal australiano da Tasmânia, Sue (interpretada por Nicole Kidman) e John Brierley (interpretado por David Wenham). A segunda parte é a vida australiana e, em idade adulta, aos 25 anos, o momento de catarse do progonista que, num jantar indiano com colegas de faculdade (ou especialização?) relembra de momentos da infância e sente que precisa buscar esta parte de si. Os colegas sugerem um “novo programa”, Google Earth, e numa missão quase impossível que o consome por 3 anos, ele consegue achar o local de onde partiu.
Para nós foi muito marcante, vimos com os filhos adolescentes e a pequena de 4 anos. Nosso filho do meio sofreu um acidente grave com a idade de Saroo – aos 5 anos e meio foi atacado por um pitbull e quase morreu, mostrando-nos a força e a capacidade de superação de uma criança tão pequena e mudando para sempre nossas vidas. E foi ele quem, no meio do filme, se apercebeu que devemos ensinar para nossa protegida caçulinha onde moramos, nossos nomes completos e outras competências que podem garantir sua sobrevivência sem nós.
Serviu também para reflexionarmos sobre os menores que vemos pelas ruas e que não sabemos mais como ajudar. Somos ligados a ações sociais e nossa igreja, a IBAB, apoia financeiramente e cria ações nas quais podemos estar em contato direto com quem precisa, buscamos ajudar a todos que encontramos, mas admitimos que muitas vezes alguns são mais invisíveis do que outros.
Ah, e se você quer saber mais para ajudar, o site do filme dá caminhos:
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