Uma notícia na Época desta semana me lembrou um post já começado aqui sobre o Android, sistema operacional de smartphones baseado no Google. A matéria de Bruno Ferrari lembrava que quando estes aparelhos (verdadeiros computadores de mão) surgiram no começo da década de 2000 todo mundo apostava que a Microsoft dominaria o mercado, mas não foi bem assim. A previsão se mostrou um sofisma (falso silogismo, quando a gente relaciona 1 e 2 e o resultado não é bem 3).
O Google chegou há pouco nesta brincadeira, mas está indo bem. Pelo menos é o discurso de Eric Schmidt, CEO do Google e principal palestrante da Mobile World Congress em Barcelona, na Espanha. Ele apresentou novos recursos para o Android e o mais aplaudido foi a compatibilidade do sistema com o Flash, que permite assistir a vídeos e até jogar games. Vital, mas que até então falhava em vários aparelhos ditos “de última geração”. Recursos de reconhecimento de voz e de imagens para buscas também agradaram, permitindo a “leitura” das informações e reconhecimento da imagem, trazendo como resultado websites relacionados ao que se solicita. Outra novidade que pode agradar os viajantes é o tradutor, que processaria a imagem de um texto fotografado, escaneando-o e traduzindo-o para a língua desejada. Imaginem como ficaria mais fácil ler placas de avisos, instruções em metrôs e informações em museus! (e se você acha que quem fala inglês não precisa disso, experimente viajar para Praga ou Tokyo)
O CEO do Google acredita que com o poder computacional que os smartphones ganharam nos últimos anos e com a possibilidade de acessar e compartilhar informações nas nuvens, as chances de gerar dinheiro com aplicações móveis são infinitas. Segundo sua visão, a regra para todos os negócios deve ser “primeiro a mobilidade” (mobile first). Mas para chegarmos a isso, num país como o Brasil, ainda precisamos ter uma boa rede ou acabaremos, como alertava a matéria de Bruno Ferrari, num engarrafamento celular. Estudos mostram que na Europa, mesmo com a crise econômica, houve um crescimento de 158% no consumo de dados desde 2008. O crescimento no Brasil também anima o mercado, mas o faz pensar em formatos que não tornem o acesso 3G inviável comercialmente, nem desanime quem pensa usar a internet com mobilidade real.
P.S. Na Campus Party eu usei por uma semana um aparelho baseado no sistema Android, o Samsung Galaxy. Confesso que não deu tempo de descobrir muita coisa lá (nem testei como telefone porque já o recebi com chip 3G e usei-o mais como câmera e computador de mão mesmo. Mas notei que as funcionalidades são muitas e que a facilidade de poder “baixar” programas para melhorar a performance é tudo num aparelho! Eu já tinha comentado, quando testei o Jét (que funciona num sistema fechado, sem permitir mudanças nos programas) que sentira imensa falta. O sistema Symbian, que tem no Nokia que eu uso, é interessante porque permite estes acréscimos que facilitam a vida do usuário, um avanço em relação ao meu primeiro smartphone (de 2006) que usava Windows Mobile 6 e era mesmo um bom computador de mão, mas um celular que deixava a desejar se não estivesse usando os aplicativos oficiais da Microsoft (e relembrando, eu admito, ainda sinto falta da possibilidade de editar planilhas, criar documentos em word e sincronizar perfeitamente minhas agendas de endereços e de compromissos com o computador).
[Se você quer ver um review do Galaxy, o pessoal da Info pode ficar mais tempo que eu com o aparelho e fez um texto completo.]P.S. Mais dois posts sobre o mesmo tema: Conteúdo móvel e acessível: Apps proliferam na Europa e a Changing Models: A Global Perspective on Paying for Content Online.
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