“Ah, mas é só um chocolatinho”.
Não, não é “só”.
Postei na fanpage link para um artigo que afirma que há comprovação de trabalho escravo infantil para a produção de chocolate em sete empresas.
Logo surgiram comentários como esse:
“Apenas tudo que a gente come no dia-a-dia. Ainda não sei lidar com isso.”
A leitora Maria Beatriz tem razão. Assim como tem Lu, que perguntou:
O que fazer em uma situação dessas? Deixar de consumir? Exigir punição? Quando me deparo com esse tipo de situação, sinceramente não sei como agir.
Antes que eu respondesse, Fabiano comentou:
Situações como estas infelizmente ainda presentes em nosso cotidiano são complexas e delicadas, afinal muitos não querem corroborar com tal situação, mas por inércia ou desconhecimento assim fazemos. Mesmo não tendo caminho fácil o pior que podemos fazer é não fazer nada. Estas empresas têm sites, redes sociais, fale conosco, portanto, podemos antes de colocar estas marcas na cruz ou fogueira e nossas almas no purgatório, podemos questionar, exigir explicações, pedir transparência e se não satisfeitos com as respostas ou providências exercer o poderoso lado político do nosso poder de consumidor e privilegiar marcas que estejam mais aderentes as nossas crenças e preocupações. Empresas não vivem sem pessoas e devem ter como objetivo o bem estar das pessoas, mas para que isso seja um fato e não uma teoria nós, todos nós precisamos ser mais do telespectadores.
Do período em que atuei profissionalmente na campanha “É da nossa conta!” com OIT, UNICEF e Promenino, eu aprendi que divulgar notícias assim permite que a população se posicione e reaja. Temos muito poder em mãos, desde a capacidade de acompanhar o processo produtivo, até de boicotar marcas ambas expectativa de que elas tornem melhor o processo produtivo completo.
Vale lembrar que o chocolate caseiro que a gente compra da amiga da colega também pode ter trabalho infantil embutido na cadeia produtiva e que muita coisa “barata” costuma ter pessoas exploradas no caminho.
Produzir de forma ética e responsável não é barato, mas a longo prazo é o que permite que nossa sociedade avance.
Conheça essa realidade no documentário O lado negro do chocolate pode ser assistido na web.
E o que fazer?
Lembrar que não há cacaueiro na Europa e na América do Norte. O chocolate suíço, belga ou californiano pelo qual pagamos caro para comer vem de países tropicais. O nosso chocolate é, em grande parte, nacional, portanto, deveria (na teoria) ser produzido, desde a plantação até a colheita, transporte e industrialização, ser produzido dentro da nossa legislação trabalhista que protege as crianças e adolescentes e, além disso, não admite trabalho em situação análoga à escrava.
Portanto, uma das formas de evitar financiar essa economia perversa que explora seres humanos é comprar localmente. 😉
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