Numa semana em que vi discussões sobre censura, política e fé pública (discutindo se líderes religiosos deveriam tornar públicas suas opiniões políticas), uma notícia que parece anacrônica e falsa, mas é real: a China proibiu a venda da Bíblia!
Já resenhei num #postnoblog o livro Deus é vermelho, reportagem de um ateu sobre a resistência do cristianismo sob o regime de Mão Tsé Tung e o comunismo.Estou lendo O contrabandista de Deus sobre o Irmão André, do Portas Abertas, que levava Bíblias aos países comunistas sob a Cortina de Ferro no tempo da URSS.
E em 2018 vejo a história se repetir, de um jeito assustador, como mostra a notícia do NYT, traduzida no Estadão:
“O governo da China baniu a venda de bíblias em lojas virtuais, em um passo que faz parte de novas regras para o controle da religião no país. O veto surge em meio à ampliação do poder do presidente Xi Jinping, que recentemente teve permissão da cúpula do PC chinês para seguir indefinidamente no cargo.
As medidas foram anunciadas no fim de semana e entraram em vigor na quinta-feira. Nas principais lojas online do país o livro sagrado dos cristãos para vender na sexta-feira. Lojas como Amazon, JD e Taobao preferiram não comentar o caso.
A nova regulamentação se alinha com um esforço de longa data do governo para limitar a influência do cristianismo na China. Das grandes religiões praticadas no país, o cristianismo é a única que não pode ter seus textos sagrados vendidos amplamente no país. Impressa, a bíblia só pode ser vendida em canais religiosos.
Com o surgimento das lojas digitais, criou-se uma brecha para tornar as bíblias disponíveis rapidamente. Na China, isso foi especialmente importante porque as compras digitais tornaram-se um fenômeno bastante comum. O endurecimento das regras é acompanhado também de um esforço de Xi para promover religiões tradicionais, como o taoismo e o budismo.
A medida também é concomitante às negociações entre Pequim e o Vaticano para por um fim à cisão entre a Igreja Católica controlada pelo Estado chinês e igrejas informais que têm crescido no país.
Analistas dizem que as novas medidas podem indicar mais repressão. Na coletiva em que o veto foi apresentado, um porta-voz governamental afirmou que nunca o Vaticano terá controle da igreja chinesa. “Parece que a porção antivaticanista do governo chinês saiu vencedora”, disse Yang Fenggang, chefe do Centro de Religiões Chinesas da Universidade de Purdue.”
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